Quatro vilas em Salgueiro,
Pernambuco, deveriam ofereceriam a estrutura necessária para as famílias que
foram retiradas de casa.
Por Jornal
Nacional

Famílias afetadas pela transposição do São Francisco vivem em abandono
Famílias que foram
deslocadas por causa da transposição do Rio São Francisco estão vivendo em
situação de abandono, num município de Pernambuco.
Em 2007, o governo
federal desembolsou mais de R$ 207 milhões para erguer 18 vilas em três
estados. Onde deveria funcionar uma escola, existe apenas abandono e
destruição.
“Você vê a escola
abandonada desse jeito. A criançada tem que se deslocar daqui para outra
comunidade para estudar. Muito dinheiro jogado no mato”, relatou o agricultor
Francisco Vieira Filho.
O estudante Victor
Wollassy Lucena Santos percorre mais de 20 quilômetros, todos os dias, para
conseguir estudar.
“Eu saio daqui da
Vila de Malícia, zona rural de Salgueiro, em Pernambuco, e eu percorro três
quilômetros para ir para a cidade de Penaforte, estado do Ceará, para pegar um
ônibus e de lá ir para a cidade de Salgueiro para ir para a escola estudar”.
O posto de saúde
que nunca funcionou virou garagem para carros. Os consultórios estão servindo
apenas de depósito para garrafas, colchões e móveis.
“É uma sensação de
descaso com o dinheiro público e com a comunidade, porque a gente poderia ter
médico de 15 em 15 dias, dentista, enfermeira”, lamentou a agricultora Sandra
Maria de Lucena.
O pai do agricultor
Pedro Sebastião dos Santos tem Alzheimer. Ir ao médico só de carro. O posto de
saúde mais próximo fica a 30 quilômetros.
“Para a gente não é
dificuldade levar para Salgueiro. Agora, para ele, eu tenho certeza que é muita
dificuldade”, disse o agricultor.
A promessa era de
que as vilas produtivas rurais ofereceriam a estrutura necessária para que as
famílias que foram retiradas de casa pudessem viver bem. Mais de dez anos se
passaram e isso ainda não aconteceu.
Em nota, o
Ministério do Desenvolvimento Regional declarou que o funcionamento das vilas é
de responsabilidade dos municípios. A prefeitura de Salgueiro não quis se
pronunciar sobre a situação.
“Isso cabe mais ao
município, a decisão, por aproveitar o equipamento que foi construído pelo
Ministério do Desenvolvimento Regional e instalar ali um equipamento público,
seja um posto de saúde, uma escola, a depender da decisão política do município
de Salgueiro que não compareceu à reunião, logo não temos ainda a posição do
município acerca disso”, explicou o procurador André Estima.
Quem teve que sair
de casa para dar lugar à transposição do Rio São Francisco está desapontado.
“O sentimento é de
tristeza, porque onde a gente morava nós tínhamos tudo. Plantações, animais. E
hoje a gente não tem nada. Prometeram a gente vir para umas novas estruturas,
com água do Rio São Francisco, e até hoje não passou essa água no canal”, disse
o agricultor Damião Vieira.
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